segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Segunda balada da Rua Serpa Pinto


Segunda balada da Rua Serpa Pinto

Volto hoje à Serpa Pinto
Rua de muitas esquinas
Inda que digam que minto
Só vejo mulheres-meninas.
Lá vem Susana Silveira
Vale das Fontes sua terra
Hoje perdeu a carreira
Coração em pé de guerra.
Ontem era uma criança
Hoje uma filha nos braços
O tempo nunca se cansa
Há sempre novos espaços.
Lá vem Emília Isabel
Entre a neblina e o fumo
Passa à porta do quartel
São conflitos de consumo.
Lá no Palácio Landal
Onde a vida desagua
Lutam o Bem e o Mal
Cada um fica na sua.
Minha rica Serpa Pinto
Numa ilusão de cinema
Tudo aquilo que sinto
Nunca cabe no poema.

José do Carmo Francisco

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Balada do Fórum Romeu Correia em Almada


Balada do Fórum Romeu Correia em Almada

Como se fosse uma ilha
Rodeada só pelo mar
Lisboa é uma maravilha
Seja qual for o lugar.
No barco dos cacilheiros
(Deve dizer-se navio)
Últimos são primeiros
Do outro lado do rio.
No meio da travessia
Se a distância é metade
O olhar em nostalgia
Organiza uma saudade.
Romeu Correia dizia
Na tarde da entrevista
A Escola onde aprendia
Não cabia na Revista.
Nessas colectividades
Que eram como um curso
A memória das cidades
Entrava no seu discurso.
Se descia a Rua Augusta
Todo o tempo era contado
Construiu-se à sua custa
E nunca ficou acabado. 


José do Carmo Francisco 

domingo, 5 de novembro de 2017

Canção para um jogo que não termina


Canção para um jogo que não termina

Cinquenta anos depois
Um retrato no Jamor
Celtic e Inter são dois
Na memória do fervor.
Houve o balde de água fria
Logo aos sete minutos
Mas no fim veio a alegria
De escoceses resolutos.
O número onze escocês
Espatifou toda a defesa
Conquistou o português
Entre aplauso e surpresa.
No meio da multidão
O homem tinha um lugar
Com o clube no coração
Não parava de cantar.
Quem diria quem diria
Um jogo que não tem fim
Que a força da nostalgia
Nos dava um retrato assim.

José do Carmo Francisco

(Fotografia de autor desconhecido)