domingo, 18 de fevereiro de 2018

Poema periférico para Victor L.


Poema periférico para Victor L.

Os meninos não deixaram de brincar
Veio o sol, há mais pneus e corridas
As poucas lágrimas enxugam depressa.
Eles não sabem nem este é tempo de saber
Os pais, os tios e os avós podem descobrir
Por quem os sinos dobram nesta sexta-feira.
Morre o corpo, fica a alma e toda a sua paz
Na sementeira de esperança que não se perde
Há um segundo pai todos os dias nessas horas.
A minha filha Marta e o meu neto António
São um mundo novo ligado pela sua ternura
Tantos anos depois tudo isso está e continua.
Nem lágrimas intercontinentais nem nada
Do lado do espanto, só a dôr, só a revolta
E os meninos não deixaram de brincar.

José do Carmo Francisco

(fotografia de José Antunes)

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